domingo, 30 de maio de 2010

Jean Charles

Caro leitor, vamos aos comentários...
1º Dormi EXTREMAMENTE bem! Foram tantas horas, que tenho até vergonha de parar pra contar.
2º Consegui converter Greys Anatomy para avi, ou seja, agora eu conecto meu pen drive na TV de 42 polegadas da Vilma que já chegou e assisto deitado no sofá feliz da vida.
3º Alcilane, Valdi, Sulivã e Simone (meus primos que moram em Bom Pastor) passaram aqui pra me fazer uma visita.
4º Reitiel e Maluquinho também me fizeram uma visita. Mas não demoraram muito, por que ainda tinham que passar na casa da mãe do Maluquinho.
5º Como amanhã vou ao médico, tive que ir até a casa da Suely imprimir os papéis que a mulher dos EUA me enviou para eu preencher com as informações do médico. Gisele soube que eu estava na casa da Suely e entrou pra me ver. Depois que imprimi com a ajuda da Juliana, fui até a casa do pai da Gisele com ela, por que queria comprar um lanche que fica em frente. Magal me emprestou 2 filmes, um deles foi Jean Charles, que eu assisti assim que cheguei em casa e AMEI.
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Comentário da Foto: Jean Charles de Menezes (1978 - 2005) foi mais uma vítima da Guerra ao Terror iniciada depois dos atentados de 11 de Setembro, e que levou os Estados Unidos, a Inglaterra e Espanha (entre outros países) ao Oriente Médio e trouxe a esses países mais atentados, discriminação contra os árabes, medo e mortes.

O brasileiro, nascido no interior de Minas Gerais, morava em Londres, trabalhava como eletricista e foi confundido com um terrorista. Acabou morto no metrô londrino por agentes da Scotland Yard britânica. Nenhuma das pessoas envolvidas na morte foi indiciada até hoje.

Estes são os fatos, que ainda se desenrolam entre investigações e manchetes de jornais. O que é mostrado no filme Jean Charles (2009) é uma ficcionalização dos últimos meses de vida do mineiro que estava no lugar errado na hora errada. Muita coisa mostrada no longa não aconteceu como está ali, até porque o diretor e roteiristaHenrique Goldman optou por não mostrar o script aos atores, dando-lhes apenas diretrizes do que era a cena e para onde iriam dali. E isso, somado ao fato de trabalhar com vários não-atores, explica o baixo nível das atuações do filme. Baixa também é a qualidade técnica do som direto, um velho defeito que o cinema brasileiro parecia já ter superado.

Mas o roteiro co-escrito por Marcelo Starobinas se distancia da própria vida do personagem principal para, acertadamente, mostrar o dia-a-dia dos cerca de 200 mil brasileiros que moram na Inglaterra, principalmente em Londres. E surgem então cenas de vergonha alheia - todas elas bastante reais - como o encontro com o amigo que saiu do armário, a alegria de poder assistir lá de Londres a um canal de TV brasileira ou curtir o show de um "ícone" da cultura popular brasileira como Sidney Magal.

E quem são estes brasileiros que estão lá? Essa é a principal questão que o filme consegue responder. Muitos deles estudando, tentando ganhar um pouco de fluência no inglês, mas a grande maioria ralando diariamente em busca de algumas libras esterlinas extras que depois serão enviadas para o Brasil. Era esse o motivo que segurava Jean Charles por lá. Isso e o sonho de colocar a mochila nas costas e sair para conhecer outros países do Velho Mundo.

Em uma das cenas mais emblemáticas do filme, Patricia (Vanessa Giácomo) - recém-chegada a Londres - anda ao lado do primo Jean Charles (Selton Mello) pela margem do rio Tâmisa. Os dois estão discutindo. Ele quer se divertir um pouco e ela está preocupada pois acabou de chegar à cidade, está dura, não entende uma palavra do que falam para ela e precisa juntar dinheiro para mandar à mãe doente no Brasil. Jean diz para ela relaxar, pois lá ela pode ser quem ela quiser. E ela responde que ele está se esquecendo das suas raízes. A cena representa muito bem o que é Londres - onde punks andam lado a lado com calcinhas fio-dental à mostra - e também o drama vivido por muitos brasileiros que atravessam o Atlântico e ao chegar lá não sabem o que fazer.

E parece ser esse caso de indecisão que toma o filme de assalto. O desfecho, com a Patrícia mostrando que finalmente entendeu porque Jean Charles tanto gostava de Londres, esvazia a investigação e o problema político causado, deixando a própria morte em segundo plano. É a mania brasileira de tentar ver o lado positivo até na tragédia.

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