quarta-feira, 6 de junho de 2012

A Maçã

Caro leitor, vamos aos comentários...

Acordei com Andressa dizendo que o Victor estava pior. Tentei obrigá-lo a comer alguma coisa, mas ele começou o vomitar. Ele foi piorando em questão de minutos e eu já não sabia o que fazer. Lembro-me dos meus gritos: “Andressa, pega o balde por que o Victor vai vomitar!”.

Comecei a ligar pra todo mundo que eu conhecia. Aline, Gisele, Maluquinho... Até que Gisele chegou aqui. Victor ligou pra mãe dele e começou a chorar no telefone. Todos em volta com pena dele, quase cedendo as vontades dele, inclusive a de deixar ele dormi. Eu fui um pouco ruim. Gritei, berrei, dei ordens, mas não o deixei satisfazer as suas vontades.

Eu não queria levá-lo no mesmo hospital que fomos ontem. Já sabia que nada seria resolvido. Pensamos também em levá-lo para um particular, mas não tínhamos dinheiro o suficiente. Até que Gisele lembrou de um amigo da igreja que trabalha de segurança no Hospital Moacyr do Carmo. Depois de algumas ligações, decidimos que o levaríamos para lá.

Charles nos levou de carro, por que ele não tinha a menor condição de ir andando. Durante a viagem, eu fui comendo ensopado de batata com lingüiça que tinha colocado dentro de um copo.

O hospital não era bom, mas muito melhor que o anterior. O nome do amigo da Gisele era Osmar e ele foi uma grande ajuda. Atenderam o Victor com prioridade e graças a Andressa ainda fizeram uma endoscopia nele, onde descobriram que a úlcera havia mesmo se complicado e ele estava sangrando por ela. Ele já saiu da sala do exame direto para a internação. Chorou um pouco dizendo que não queria ficar, mas como eu mesmo disse, ele não tinha querer.

Eram 16h00 quando eu e Andressa saímos do hospital. Como eu ainda tinha que ir pra faculdade, pegamos um ônibus pra Central e depois o metrô.

Eu e meu grupo precisamos terminar o seminário que apresentaremos na semana que vem. Decidimos nos encontrar na casa da Bárbara no domingo.

Voltando pra casa, encontrei Ana Rosa no caminho e acabei convencido de voltar de trem com ela. Já na porta do trem, ela decidiu que iria pra Caxias e eu vim de trem sozinho.

Comecei a ler minha revista e desatento, passei da estação que devia descer. Fui parar na última estação e não tinha mais trem voltando naquele horário. Desci e procurei um ônibus que acreditei que fosse me deixar perto de casa. O ônibus era errado e fui parar em um lugar que não faço a menor idéia da onde seja. Graças a Deus um homem estava lotando uma kombi em direção à via show e eu entrei nela.

Fique um tempo na sala conversando com Vilma a respeito do novo cargo que ela está exercendo na empresa em que trabalha. Um tempo depois, Gisele me ligou pra dizer que estava no portão com o Charles e eu fui até lá.

Estava contando pra eles os detalhes do dia quando Andressa ligou pra dizer que já estava chegando e fomos até o ponto de ônibus buscá-la.

Recebi um ótimo e-mail do meu psicólogo. Ajudou-me a pensar em muitas coisas.

Eu não posso dizer que já não sofro mais, estaria mentindo. Mas eu posso afirmar que fica menos pior a cada dia que passa. Ainda estou longe do dia em que vou comentar sobre tudo isso sem me machucar, mas estou mais próximo do que já estive um dia.

Volte sempre... Até!

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Comentário da Foto: Hoje andando pelo centro da cidade com minha amiga Andressa, vi inúmeros desabrigados em péssimas condições bem no meio de uma calçada. Já era fim de tarde e dezenas, talvez centenas de pessoas andavam com pressa de um lado para o outro. Fiquei com pena das pessoas que estavam ali sem pressa, sem luxo, com fome e sujas. Comecei a pensar em como o mundo em que vivemos é cruel, até que me deparei com um casal bem no cantinho. Eles estavam deitados sobre um papelão e cobertos por um cobertor. Ela acariciava a orelha dele e ele brincava com o nariz dela. Os olhos deles tinham um brilho especial. No meio da brincadeira ele a beijou e um belo sorriso tomou o rosto dela. Eu vi amor ali. Eles não tinham nada, mas tinham tudo. Muitas das dezenas ou centenas de pessoas que passavam por ali, muito provavelmente, não sentiam o mesmo.

Paramos e observamos por alguns segundos. Foi tão comovente que a Andressa comentou: “Isso é tudo o que eu queria!”

Depois eu fiquei pensando. Eu não sei como eles foram parar ali, mas independente disso, eles tinham todos os motivos do mundo pra viver uma vida infeliz. Nada do que eles estão passando foi capaz de destruir a felicidade e o amor que eles estavam transparecendo.

Um dia desses, afim de afastar meus problemas da mente, eu postei aqui no blog a teoria de uma amiga da faculdade. Ela diz que se eu imaginar a figura de uma maçã e sempre que vier algum outro pensamento eu voltar a focar na maçã, chega um momento em que consigo pensar apenas na maçã.

Hoje meu psicólogo me enviou um e-mail maravilhoso. Em um dos parágrafos, ele dizia o seguinte: “este conto fala de 3 ou 4 personagens...   que estão no meio de uma aventura... desbravando uma floresta desconhecida...  muitas coisas acontecem...  um deles tem medo do que está vendo, e acaba tapando os olhos, e fica melhor pq acredita que aquelas imagens estranhas não existem mais. Outro que tb teve medo dos sons, acabou tendo uma ideia para resolver este problema, e tapou os ouvidos, pq pensou que assim, não ouvindo, eles não existiam...”

Seria possível aquele casal tapar os olhos e ouvidos pra tudo o que acontece na atual floresta em que estão vivendo? Assim como as outras inúmeras pessoas que ali habitavam, eu acredito que não.

Em anexo, meu psicólogo me enviou a imagem de uma maçã e quase no fim do texto, duas perguntas. Eu fiquei pensando um pouco e concluí o seguinte:

A maçã será ótima. Eu vou parar pra pensar nos meus problema olhando pra ela. Eu preciso entender que a vida é curta demais. A cada minuto que eu passo triste, são 60 segundos de alegria desperdiçados.

Eu não tenho tapado e nem bloqueado os pensamentos que me levam ao meu problema. Entretanto, eu venho querendo abstraí-los, às vezes eu tento até alimentá-los com ilusões que não podem ser trazidas para mundo real.

Depois disso, eu só tenho que concordar com o Wolverine: “A melhor defesa é o ataque!” Já chegou a hora de atacar meus problemas.

Nada acontece por acaso e ninguém é escolhido pra carregar uma cruz que não seja capaz de carregar. Ainda assim, muitas pessoas empacam no caminho e dizem não conseguir mais andar. Algo me diz que tudo isso é só o começo e que o melhor ainda está por vir.

Eu queria ter a oportunidade de dizer para aquele casal que eles são fantásticos e que a floresta deles é encantada sim!

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